sábado, 26 de abril de 2014

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ XII ]

RUA VIRGÍNIA QUARESMA
 Rua Virgínia Quaresma -(2013) (A "Rua Virgínia Quaresma" vista obtida da "Rua Casal Raposa" no "Bairro de Caselas" in  GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2007) (Vista de Satélite o "BAIRRO DE CASELAS" in  GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2007) (Vista Panorâmica do "Bairro de Caselas" onde se insere a "Rua Virgínia Quaresma") in GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2013) (Um troço da "Rua Virgínia Quaresma" de Sul para Norte) in GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2013) (A "Rua Virgínia Quaresma" na sua extensão para Norte, no "Bairro de Caselas")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Virgínia Quaresma - (2013) (Início da "Rua Virgínia Quaresma" na parte Sul,  junto da "Rua da Cruz de Caselas") in GOOGLE EARTH
Rua Virgínia Quaresma -(Início do século XX) ("Virgínia Quaresma" a primeira jornalista portuguesa com carteira profissional) in SILÊNCIOS E MEMÓRIAS

(CONTINUAÇÃO)-RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 2ª SÉRIE [ XII ]

«RUA VIRGÍNIA QUARESMA»

A «RUA VIRGÍNIA QUARESMA» pertencia à antiga freguesia de "SÃO FRANCISCO XAVIER" que pela "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA" foi incorporada na freguesia de "SANTA MARIA DE BELÉM", passando a denominar-se freguesia de «BELÉM». Tem início na "RUA DA CRUZ A CASELAS" e finaliza na "RUA DO CASAL DA RAPOSA".
Por Edital Camarário de 20 de Abril de 1988, o antigo arruamento da "RUA 4" do "BAIRRO DE CASELAS", passou a ter o topónimo de "RUA VIRGÍNIA QUARESMA".
Já nos tínhamos referido em anteriores publicações, mas voltamos a recordar, que não é fácil a vida de jornalistas (femininas) numa redacção de um jornal com projecção Nacional. Habituados que estamos nesta altura em que as mulheres "invadem" (no melhor sentido) os órgãos de Comunicação Social, recordemos pois, "VIRGÍNIA QUARESMA" a primeira jornalista profissional.
"VIRGÍNIA SOFIA DA GUERRA QUARESMA" nasceu em ELVAS em 28 de Dezembro de 1882 e faleceu em LISBOA, no dia 22 de Outubro de 1973.
As considerações tecidas ajudarão por certo a realçar ainda mais as qualidades de uma alentejana, que foi a primeira mulher detentora de uma carteira profissional de jornalista, e o seu "atrevimento" não data de há 40 ou 50 anos, mas sim de quase cento e quatro anos.
"VIRGÍNIA" veio para LISBOA e aqui teve logo um golpe de audácia ao matricular-se no então "CURSO SUPERIOR DE LETRAS" (hoje FACULDADE DE LETRAS DE LISBOA), em 1903. Mulher em curso universitário era bicho raro... E, como gostava muito de escrever, foi oferecer-se à redacção de "A CAPITAL", o vespertino cuja primeira série, começou a publicar-se em 1910, sob a direcção de "MANUEL GUIMARÃES".
Entendamos: mulher em redacção de jornais não era inédito. Algumas, embora raras, letradas, mandavam as suas colaborações, escreviam os seus artigos. O que nunca tinha acontecido em Portugal era um ser humano de saias andar na rua a fazer reportagens, ir fazer perguntas aos gabinetes, infiltrar-se nos meios mais diversos para conseguir colher informações "frescas" e seguras.
VIRGÍNIA atreveu-se, MANUEL GUIMARÃES foi suficientemente moderno para apostar naquela ousada e assim nasceu uma repórter que se notabilizou essencialmente na esfera da política. E convenhamos que foi intrincado e difícil o período em que esta pioneira trabalhou entre o TERREIRO DO PAÇO e SÃO BENTO: apanhou desde os tempos que se seguiram à proclamação da REPÚBLICA até ao golpe de 28 de Maio de 1926, com a sua série de conspirações, revoluções, intentonas e mudanças de gabinetes.
Vivia geralmente no "HOTEL AVENIDA PALACE", onde tinha possibilidade de encontrar as individualidades estrangeiras que visitavam LISBOA e ali se hospedavam. No tempo da "primeira grande guerra"(1914-1918), esses contactos foram-lhe muito úteis para a elaboração de notícias correctas.
Interrompida a publicação de "A CAPITAL" exactamente em 1926, pouco depois do golpe de Maio, "VIRGÍNIA" mudou para o jornal "O SÉCULO", embora por pouco tempo.
O seu feitio irrequieto, fê-la seguir até ao BRASIL, onde trabalhou pelo menos no "CORREIO PORTUGUÊS", "GAZETA DE NOTÍCIAS" e em "A ÉPOCA" onde também se distinguiu: a sua actividade jornalística valeu-lhe o título de cidadã carioca honorária.
Foi ainda no BRASIL que  conheceu "ÓSCAR DE CARVALHO AZEVEDO" que a convidou para chefiar a delegação lisboeta da "AGÊNCIA AMERICANA DE NOTÍCIAS" (Agência Noticiosa criada por OLAVO BILAC), paredes meias com o cinema CHIADO TERRACE ali na "RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO". Durante a Primeira Guerra Mundial  esta estrutura foi colocada ao serviço da cruzada das mulheres portuguesas, promovendo o auxilio aos estropiados de guerra, órfãos e viúvas e por isso foi condecorada com o grande oficialato da ORDEM DE SANTIAGO.

O Jornal "REPÚBLICA" dava assim a notícia em 23 de Outubro de 1973, assinalando o seu desaparecimento: "Com 91 anos, faleceu em LISBOA, "VIRGÍNIA QUARESMA", natural de ELVAS, que trabalhou nos jornais "O SÉCULO" e "A CAPITAL". Como jornalista distinguiu-se, na cobertura de acontecimentos políticos, nomeadamente quando da implantação da REPÚBLICA. Foi a fundadora de uma das primeiras Agências de Publicidade do país e, durante largo tempo, trabalhou no BRASIL". [fazendogenero.ufsc.br].  [ FINAL ].

BIBLIOGRAFIA
- ACTAS DA COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA [1974-1989].Volume II -Edição da C.M.L. - 2000 - LISBOA
- ALMADA NEGREIROS . Fotobiografias do Século XX - Direcção de Joaquim Vieira - Circulo de Leitores - 2001 - Rio de Mouro.
- CRÓNICA FEMININA - 1973.
- DIÁRIO POPULAR de 16 de Abril de 1973 - Drª. Elisa Guimarães.
- HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - SARAIVA, Antº José e LOPES, Óscar - 17ª Ed. Porto Editora - 1996 - PORTO.
- PACHECO, José - STUART e o MODERNISMO EM PORTUGAL - Artes/Ilustradas - Edições VEGA - 1988 - LISBOA.

INTERNET
- TOPONÍMIA DE LISBOA - CML (Novo)

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