Terreiro do Paço - (Início do século XIX) (Gravura de H.L.Êveque) (Panorâmica da PRAÇA DO COMÉRCIO - No primeiro plano vários grupos de vendilhões com seus produtos; à esquerda, um barbeiro em actividade. Em segundo plano na esquerda pode ainda ver-se a nascente o TORREÃO DA ALFÂNDEGA, ainda sem balaustrada na cimalha. Uma foto de 1866 referente ao incêndio das velhas instalações da C.M.L. de 1863, mostra-nos o Torreão ainda incompleto) in ARQUIVO MUNICIPAL PELOURO DA CULTURA-CML-O POVO DE LISBOA EXPOSIÇÃO ICONOGRÁFICA-1978-1979
Terreiro do Paço - (d. 1758) (Desenho do Engº A. Vieira da Silva - Volume I "AS MURALHAS DA RIBEIRA DE LISBOA-1940) (Fragmento da planta de LISBOA actual (1936), sobreposta à LISBOA anterior ao Terramoto de 1755 a vermelho) in PUBLICAÇÕES CULTURAIS DO ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA-C.M.L.
Terreiro do Paço - (ant. 1873) (Foto de autor não identificado (O Arco da "RUA AUGUSTA" na "PRAÇA DO COMÉRCIO", ainda nesta altura em construção-1861-) in ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA
Terreiro do Paço - (1880) - Foto de autor não identificado (Comemorações do 3º Centenário da Morte de Camões, ideia do escritor e político Teófilo de Braga. Com a inauguração do BAIRRO CAMÕES, o cortejo cívico que partiu da PRAÇA DO COMÉRCIO, acabou por assumir um carácter anti-monárquico, os festejos serviram para avaliar a capacidade republicana de mobilização popular) in LISBOA RIBEIRINHA-ARQUIVO MUNICIPAL PELOURO DA CULTURA DA C:M.L.
(CONTINUAÇÃO- TERREIRO DO PAÇO [ VII ]
«A PRAÇA DO COMÉRCIO ( 1 )»
Em 1730 o autor do livro "Description de la ville de Lisbonne" dava ao "TERREIRO DO PAÇO" apenas uns quatrocentos passos de comprimento sobre duzentos de largo; e no século XVII "LUIZ MENDES DE VASCONCELOS" na sua obra "DO SÍTIO DE LISBOA" limitava-se a comparar o "ROSSIO" como menor, "medindo dos Paços até aos Contos" ( 1 ), e acrescenta: "o qual TERREIRO DO PAÇO, tendo pela parte de terra estas ilustres e Reais fábricas dos Paços e Contos, tem pela do mar ordinariamente tantos navios postos com a proa em terra, e outros ancorados no mar, que os mastros e antenas parecem um grande bosque de espessas árvores".
O PADRE JOÃO BAPTISTA DE CASTRO, descrevendo o terreiro na transição para o novo risco pombalino, e diz assim:
"Uma das maiores praças que tinha LISBOA este espaço só terrapleno, em o qual a vista do Palácio Real, e outros ilustres edifícios na parte da terra, com a variedade das muitas embarcações grandes e pequenas no mar vizinho, formavam uma bela perspectiva. Desfigurou tudo o terrível incêndio sucessivo ao terramoto, reduzindo a cinzas quanto encenava tão famoso Palácio; e sobretudo, com a perda irreparável, a preciosa e vasta Biblioteca régia, cheia de inumeráveis livros raríssimos e códices manuscritos".
O Palácio foi demolido, para se projectar outro artefacto, e formar uma nobilíssima PRAÇA DO COMÉRCIO, com várias acomodações para os tribunais.
Mas não pararam ali os destroços causados da espantosa catástrofe.
"O ímpeto das águas - diz outro coevo, o minucioso MOREIRA DE MENDONÇA - desfez o fortíssimo CAIS DA PEDRA, que discorria na marinha do TERREIRO DO PAÇO desde os armazéns da ALFANDEGA até quase à frente do forte da VEDÓRIA".
O Decreto de 16 de Janeiro de 1758 ordenou se fizesse o novo TERREIRO, e determina como; tendo sido o Capitão Engenheiro EUGÉNIO DOS SANTOS DE CARVALHO quem soube dar corpo, e forma condigna, ao alto pensamento do insigne MINISTRO.
Hoje, como há dezenas de anos ali se vê e se admira tão desafogado e concertado logradouro, hoje que já umas poucas de gerações se habituaram a olhar aquela arquitectura nobre, uniforme mas fria, como símbolo do pensar e sentir daquele grande homem, que tanto pensava, e nada sentia, é curioso e interessante ouvir considerações que à cerca da BAIXA escrevia "TWISS" em 1772, que a BAIXA POMBALINA, regular e pautada, começava a sair dos escombros; o povo assistia admirado à ressurreição de LISBOA; e "TWISS" mencionava no seu livro de VIAGENS:
"Estão neste momento edificando umas poucas ruas paralelas, cortadas de outras em ângulos rectos. Cobrem o bairro do antigo Paço Real da Ribeira destruído pelo terramoto. Chama-se a principal delas "RUA AUGUSTA". Correm-lhe, pelos dois lados, passeios orlados de "columnellos" ( 2 ). As casas novas têm quatro ou cinco andares".
Levou seu tempo a concluir a PRAÇA. Quando em 1775 se inaugurava a estátua, ainda a maior parte dos edifícios em volta da "PRAÇA DO COMÉRCIO" (com excepção no lado Oriental) estava por fazer. Para essas festas públicas levantou-se um "simulacro" de madeira pintada, representando as secretarias e as arcadas como futuramente viriam a ficar.
( 1 ) - CONTOS - (Ant. "CASA DOS CONTOS", repartição que era especialmente incumbida de processar e liquidar as contas dos Administradores das rendas reais).
( 2 ) - O francês diz poteaux; o termo técnico dos Arquitectos pombalinos é COLUMNELLOS; o povo chamava-lhes "frades".
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TERREIRO DO PAÇO [ VIII ]-A PRAÇA DO COMERCIO (2)»
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