sábado, 14 de fevereiro de 2015

RUA DO BEATO [ VIII ]

«A NACIONAL ( 1 )»
 Rua do Beato - (1855) (Retrato a Óleo do fundador de "A NACIONAL" JOÃO DE BRITO com a seguinte inscrição: foi inaugurado este retracto em 1855. in RESTOS DE COLECÇÃO 
 Rua do Beato - (1987) (Planta Aerofotogramética 5/8- 1:2000 das instalações de "A NACIONAL"-Companhia de Transformação de Cereais, S.A.) in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Beato - (depois de 1843) (O Cais privado de embarque dos armazéns de JOÃO DE BRITO no BEATO) in  ARQUIVO DE A NACIONAL
 Rua do Beato - (Depois de 1849) (O antigo complexo no pátio do ex-Convento do Beato, onde se instalaram as casas das caldeiras e das máquinas a vapor) in RESTOS DE COLECÇÃO
Rua do Beato - (Depois de 1849) (Massas com a marca "NACIONAL" produzidas na fábrica de "JOÃO DE BRITO" no BEATO) in  RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ VIII ]

«A NACIONAL ( 1 )»

O "CONVENTO DO BEATO" pouco sofreu com o terramoto de 1755, mas com a extinção das ORDENS RELIGIOSAS em 1834, o Templo foi convertido em "REAL HOSPITAL MILITAR", embora tenha sofrido um incêndio poucos anos depois. 
O Edifício manteve-se em ruínas durante alguns anos, até que  toda a propriedade, depois de lotada, foi vendida em haste pública para COMÉRCIO e INDUSTRIA.
Em 1836 o CONVENTO DO BEATO ANTÓNIO é parcialmente adquirido pelo industrial e comerciante JOÃO DE BRITO, que aí montou um ARMAZÉM DE VINHOS, uma oficina de CARPINTARIA e TANOARIA e ainda uma fábrica de MOAGENS A VAPOR, que a partir de 1849 a Rainha D. MARIA II autorizou que usasse a marca  « NACIONAL».
A mais antiga fábrica de moagem que entre nós deixou evidente rasto, foi sem dúvida a «FABRICA DO BEATO», instalada por "JOÃO DE BRITO" ( 1 ), na antiga freguesia dos OLIVAIS, afastada cinco quilómetros do limite de LISBOA naquela época.
Entre 1836 e 1840 adquiriu, por arrematação em haste pública, os terrenos envolventes, o CONVENTO, a IGREJA DO BEATO, que começou a ser edificada no tempo de D. HENRIQUE.
Vivíamos tempos de ardor profano e o "ICONOCLASTA" ( 2 ) empresário, não teve qualquer pelo em instalar no chão sagrado do Templo quinhentista, paredes meias com velhos túmulos de gente nobre, os maquinismos geradores da nova força motriz; "O VAPOR".
Entre 1845 e 1846 aparece registada uma fábrica de farinhas em nome de "JOÃO DE BRITO", cujo estado é dado como progressivo, empregando muitos operários (contados apenas os que trabalhavam na moagem), movida a vapor, que fora estabelecida em 1841.
Passados alguns anos, em 5 de Março de 1849, "JOÃO DE BRITO" recebeu de D. MARIA II, com a assinatura do MARECHAL SALDANHA, a autorização para que a sua Industria adoptasse a marca "NACIONAL" ( 3 ), designação que, em nosso entender, derivaria do nacionalismo económico que, em sucessivos surtos, se foi manifestando na nossa sociedade; haveria de aparecer noutros ramos e produtos industriais e comerciais, mas no domínio da moagem e seus derivados é inequívoco que surgiu pela primeira vez na firma de "JOÃO DE BRITO", posicionando-se na base da "marca" que ainda hoje, passados cento e sessenta e seis anos, depois de muitas transformações sociais, ainda existe.

( 1 ) - JOÃO DE BRITO nasceu em 27 de Outubro de 1796 em ALCOBAÇA e faleceu em 8 de Dezembro de 1863. Negociante de Vinhos em 1936 arrematou em haste pública o Convento e suas pertenças casas do BEATO ANTÓNIO dos Cónegos de São João Evangelista, Arquivo do Ministério das Finanças carta Nº 541-A e 546. Em 1840 arrematou mais uma porção de terreno, cita no mesmo local e foi a partir desta aquisição que criou a Fábrica onde instalou a moagem.

( 2 ) ICONOCLASTA-(do Gr. eikomodastes) - adjectivo e s. m. - destruidor de imagens; aquele que condena o culto das imagens ou dos ídolos; (fig.) aquele que tenta destruir ideias religiosas, opiniões estabelecidas, tradições.

( 3 )  - Documento pertencente ao arquivo de A NACIONAL, nas instalações do BEATO.

(CONTINUAÇÃO)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ IX ] A NACIONAL ( 2 )» 

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