Rua do Capelão - (2012) - Foto de Mário Marzagão - (A "RUA DO CAPELÃO" na MOURARIA freguesia de "SANTA MARIA MAIOR" foi o último lugar que "MARIA SEVERA" habitou) in MÁRIO MARZAGÃO ALFACINHA
Rua do Capelão - (início do século XX) Desenho de Roque Gameiro - (A "RUA DO CAPELÃO" tal como a encontrou e desenhou "ROQUE GAMEIRO" no século vinte) in MÁRIO MARZAGÃO ALFACINHA
Rua do Capelão - (1968) Foto de Armando Maia Serôdio - (As casas seiscentistas da "RUA DO CAPELÃO", vistas da RUA DA MOURARIA) in AML
Rua do Capelão - (184-) - (Retrato do "CONDE DE VIMIOSO", amante de "MARIA SEVERA", publicado no jornal "A TRINCHEIRA" em 1893 - BIBLIOTECA NACIONAL in ALFACINHAS OS LISBOETAS DO PASSADO E DO PRESENTE
Rua do Capelão - (1902) Postal ilustrado de promoção do espectáculo - (Postal editado em 1902 para a divulgação da REVISTA "NA PONTA DA UNHA", apresentada na RUA DOS CONDES: com um quadro da "SEVERA" representada por "ROSA OLIVEIRA" e "ACÁCIA REIS" no papel de "ROSA ENJEITADA" uma revista de ALFREDO MESQUITA e CÂMARA LEME) in HISTÓRIA DO FADO
Rua do Capelão - (1964) Desenho de ALBERTO SOUSA - (Em 1964 aparece um livro com os estudos de ALBERTO DE SOUSA, com o titulo: "ALFACINHAS-os lisboetas do passado e do presente". O artista terá sido levado em erro ao atribuir o nome da "SEVERA" a "Rosa Oliveira", embora estivesse a representar um quadro da SEVERA e a ROSA ENJEITADA") in ALFACINHAS OS LISBOETAS DO PASSADO E DO PRESENTE
Rua do Capelão - (29.04.2014) - (Painel de azulejos representando um quadro de JOSÉ MALHOA de RUI CAMPOS-Azulejaria Artística) - (Um Painel de azulejos representando o "FADO DE MALHOA" do pintor Caldense JOSÉ MALHOA) in FADO MALHOA
(CONTINUAÇÃO) - RUA DO CAPELÃO [ III ]
«DA SEVERA AO VIMIOSO»
«MARIA SEVERA ONOFRIANA" (1820-1846) é o nome mais destacado, da primeira geração de fadistas. Rameira afamada pela têmpera rija, a mestria na dança e canto do fado e o romance que mantinha com o "13.º CONDE DE VIMIOSO - DOM FRANCISCO PAULA DE PORTUGAL E CASTRO", insigne Cavaleiro Tauromáquico.
"MARIA SEVERA" era conhecida no seu tempo como autora (improvisadora) de célebres quadras de despique e galhardia, das quais "TINOP" regista, entre outras façanhas.
O ambiente taurino que a fadista evoca, e que constitui um dos principais divertimentos populares da época ( 1 ), espalhava-se pelas tabernas e retiros ( 2 ) que acompanhavam os percursos das manadas desde os campos Ribatejanos aos locais urbanos das lides (ESTRADA DE SACAVÉM e do LUMIAR) e é o contexto físico e cultural onde o fado fado começou por ser cultivado e onde destronou os antigos cantares como: o "lundum", a "fofa" e o "fandango" que antes dele ali se praticava.
Até finais do século XIX, fado e touradas andavam a par, com a particularidade de a lide portuguesa incluir a participação de cavaleiros aristocratas. Os contactos entre a aristocracia e o povo prolongavam-se então nos locais de sociabilidade nocturna dos bairros populares, "nas equívocas relações entre a pobreza, e o excesso, o jogo, a criminalidade e a prostituição, onde o fado deu os primeiros passos".
O par "SEVERA" e "VIMIOSO" é fruto dessa convivência, em que figuram muitas outras personagens históricas, entre elas partidários miguelistas.
A "MARIA SEVERA", figura romanesca de LISBOA popular de meados do século XIX, que havia de ser transformada em «ÍCONE» e mito do fado.
Diz-nos ainda "TINOP" a "SEVERA" conheceu o crime, o "CONDE DE VIMIOSO", que se aproximou, atraído pela fama que ela desfrutava de tratar por tu as musas fáceis, de ter um palavreado muito típico e de cantar, inigualável, ao som namorado da soluçante guitarra. Foi o amor pelas guitarras e pelo doce canta - em que são abordados os temas de ascendência ao desejo - que levou o "CONDE DE VIMIOSO" a procurar "MARIA SEVERA", porque ele não tocava, não cantava e não tinha o mínimo gosto para a música. No entanto, o "CONDE DE VIMIOSO" vinha, muitas vezes, buscar a "MARIA SEVERA" de "SEGE", à "RUA DO CAPELÃO".
"PINTO DE CARVALHO" (TINOP) cronista fiel da vida alfacinha da pitoresca segunda metade de Oitocentos, que conheceu SEVERA e lhe falou, traça deste modo um retrato que não deve ter sido ornado de fantasias: "MARIA SEVERA não era mulher para pieguices, nem para choradeiras. Forte e determinada como alguma dessas (Viragos)( 3 ) de que rezam as crónicas, com os cabelos soltos, e o clássico cigarro ao canto da boca, não pretendia ser amada pelos seus dotes femininos, mas comprazia-se em dominar os seus admiradores pela suavidade da sua vos de meio-soprano, pelo gracioso desembaraço da sua dança voluptuosa e, acima de tudo, pela irascibilidade do seu génio e não pouco também, pela fortaleza do seu punho".
- ( 1 ) -No século XVIII havia em LISBOA quatro PRAÇAS DE TOIROS: a da "ESTRELA" (no actual "JARDIM DA ESTRELA", a da "PARADA", junto do ROSSIO, a do "SALITRE" e a do "CAMPO DE SANTANA", além do "TERREIRO DO PAÇO" onde foram realizadas touradas de grande pompa. (PIMENTEL, 1904:131). A "PRAÇA DE TOUROS DO CAMPO PEQUENO" foi edificada em 1892.
- ( 2 ) -Verdadeiros "TEMPLOS DO FADO" celebrizados nas letras da canção até hoje, de que são exemplos: "O FERRO DE ENGOMAR", "O CHARQUINHO", "O CALIÇA", ou "O PERNA DE PAU".
- ( 3 ) -VIRAGO- Do Latim, significa semelhança a um homem e era uma palavra usada para descrever mulheres, geralmente em contexto Mitológico.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO CAPELÃO[ IV ]-A SEVERA DO TEATRO, À OPERETA E AO CINEMA».
Até finais do século XIX, fado e touradas andavam a par, com a particularidade de a lide portuguesa incluir a participação de cavaleiros aristocratas. Os contactos entre a aristocracia e o povo prolongavam-se então nos locais de sociabilidade nocturna dos bairros populares, "nas equívocas relações entre a pobreza, e o excesso, o jogo, a criminalidade e a prostituição, onde o fado deu os primeiros passos".
O par "SEVERA" e "VIMIOSO" é fruto dessa convivência, em que figuram muitas outras personagens históricas, entre elas partidários miguelistas.
A "MARIA SEVERA", figura romanesca de LISBOA popular de meados do século XIX, que havia de ser transformada em «ÍCONE» e mito do fado.
Diz-nos ainda "TINOP" a "SEVERA" conheceu o crime, o "CONDE DE VIMIOSO", que se aproximou, atraído pela fama que ela desfrutava de tratar por tu as musas fáceis, de ter um palavreado muito típico e de cantar, inigualável, ao som namorado da soluçante guitarra. Foi o amor pelas guitarras e pelo doce canta - em que são abordados os temas de ascendência ao desejo - que levou o "CONDE DE VIMIOSO" a procurar "MARIA SEVERA", porque ele não tocava, não cantava e não tinha o mínimo gosto para a música. No entanto, o "CONDE DE VIMIOSO" vinha, muitas vezes, buscar a "MARIA SEVERA" de "SEGE", à "RUA DO CAPELÃO".
"PINTO DE CARVALHO" (TINOP) cronista fiel da vida alfacinha da pitoresca segunda metade de Oitocentos, que conheceu SEVERA e lhe falou, traça deste modo um retrato que não deve ter sido ornado de fantasias: "MARIA SEVERA não era mulher para pieguices, nem para choradeiras. Forte e determinada como alguma dessas (Viragos)( 3 ) de que rezam as crónicas, com os cabelos soltos, e o clássico cigarro ao canto da boca, não pretendia ser amada pelos seus dotes femininos, mas comprazia-se em dominar os seus admiradores pela suavidade da sua vos de meio-soprano, pelo gracioso desembaraço da sua dança voluptuosa e, acima de tudo, pela irascibilidade do seu génio e não pouco também, pela fortaleza do seu punho".
- ( 1 ) -No século XVIII havia em LISBOA quatro PRAÇAS DE TOIROS: a da "ESTRELA" (no actual "JARDIM DA ESTRELA", a da "PARADA", junto do ROSSIO, a do "SALITRE" e a do "CAMPO DE SANTANA", além do "TERREIRO DO PAÇO" onde foram realizadas touradas de grande pompa. (PIMENTEL, 1904:131). A "PRAÇA DE TOUROS DO CAMPO PEQUENO" foi edificada em 1892.
- ( 2 ) -Verdadeiros "TEMPLOS DO FADO" celebrizados nas letras da canção até hoje, de que são exemplos: "O FERRO DE ENGOMAR", "O CHARQUINHO", "O CALIÇA", ou "O PERNA DE PAU".
- ( 3 ) -VIRAGO- Do Latim, significa semelhança a um homem e era uma palavra usada para descrever mulheres, geralmente em contexto Mitológico.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO CAPELÃO[ IV ]-A SEVERA DO TEATRO, À OPERETA E AO CINEMA».
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