A RUA PRIOR DO CRATO (antiga Rua do Livramento) pertence à freguesia dos PRAZERES.
No fim desta artéria circundante à Praça de Alcântara, passou em tempos a Ribeira de Alcântara, que corria no vale do mesmo nome. Sobre ela havia uma antiga ponte, com uma estátua de S. João Nepomuceno erigida em 1743.
Segundo o ITINERÁRIO LISBONENSE esta rua «principia na ponte de Alcântara e termina na Praça do Regimento deste nome». Assim se chamava por estar nas imediações do Convento de Nª. Senhora do Livramento. Este Convento foi edificado no século XVII (1679), no local onde até essa data se erguia a Capela de Nossa Senhora do Livramento, mandada construir em 1606 por Rodrigo Homem Azevedo, em sinal de reconhecimento à Virgem por o ter "livrado" de uma acusação que a gente de Filipe II de Espanha lhe fazia: a de ter sido partidário do Prior do Crato.
Logo em 1698 foi reconstruída a Igreja, sob outro risco, e assim se conservou, com reedificação ligeira depois do terramoto, até que, extintas as Ordens Religiosas e ocupada uma parte da casa por uma Companhia da Guarda Municipal, os seus restos foram demolidos já no século XX para ser construída a Caixa Geral de Depósitos. Numa dependência escusa deste edifício ainda se encontra a lápide com o nome do fundador da capela, depois Convento do Livramento, e bastante expressão piedosa deu ao antigo sítio de Alcântara. Com seu nome, de Livramento, encontramos ainda uma Travessa e uma calçada, junto à Rua Prior do Crato.
A Rua Prior do Crato (antiga rua do Livramento) pertencia de acordo com a remodelação paroquial de 1770, à freguesia do Senhor Jesus da Boa Morte e depois do novo plano de divisão e transladação das paróquias de Lisboa, integrou-se na freguesia de S. Pedro de Alcântara. A Real Capela, Paço e Convento de Nossa Senhora das Necessidades pertenciam também a esta freguesia.
Esta rua que, depois de implantada a República mudou de nome, fica situada na parte sul do bairro de Alcântara. Os prédios que a povoam são quase todos do século XIX e com eles contrastam as casas da parte sul deste bairro, mais modesto mas com o seu traçado bem pitoresco e de construção mais antiga. No cunhal alto do prédio Nº 63 a 75, esquina nascente da Travessa da Trabuqueta, podia ver-se uma caravela em baixo relevo, que nos leva a crer que esta casa, aliás já reconstruída, provém da Segunda metade do século XVII; no outro canto, no Nº 77, existia um painel de azulejos considerado único, que apresentava o navio do brasão de Lisboa, embora já bastante desgastado. Um edifício marcante nesta rua é o da Caixa Geral dos Depósitos (Caixa Económica Portuguesa) que ocupa o local onde se ergueu o Convento do Livramento, das religiosas da Santíssima Trindade.
A Rua Prior do Crato beneficiou da aproximação da Tapada da Ajuda, coabitando com o populoso bairro de Alcântara, habitado principalmente por gente ligada às lides do mar.
Como nos diz Norberto de Araújo «Alcântara tornou-se popular, febril, animada - bairrista com expressão e carácter próprio; área da cidade que vive a trabalhar em tumulto natural, sem pitoresco acentuado, que idade velha não lhe pode deixar impresso, mas com inconfundível personalidade»(1).
(1) - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA Livro IX página 16.
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