quarta-feira, 6 de maio de 2009

RUA GUALDIM PAIS [ V ]

Rua Gualdim Pais - (1989) - Foto de APS ( A Tinturaria Portugália já um pouco agonizante) Arquivo/APS
Rua Gualdim Pais, 99 a 111 - (196_) Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo (Tinturaria Portugália nesta rua) in AFML.

Rua Gualdim Pais - (1966) - Foto de João H. Goulart (Chafariz na esquina do Pátio José Inglês ou do Inglês com a Rua Gualdim Pais) in AFML.


Rua Gualdim Pais - (196_) -Foto de João H. Goulart (Esta Rua na ligação com a Estrada de Chelas, à esquerda as antigas instalações da Fábrica de Malhas do "MAGALHÃES") in AFML.



Rua Gualdim Pais - (s/d) - Foto de Artur Goulart (Palácio da Quinta do Lavrado e Viaduto na Estrada de Chelas, 113 a 121) in AFML.
(CONTINUAÇÃO)
RUA GUALDIM PAIS
«O CEMITÉRIO DAS FÁBRICAS»
Quase em frente à residência de Luís Ribeiro existiam várias moradias da época, de pessoas com melhor situação económica.
Seguindo para Norte ao longo da «RUA GUALDIM PAIS» o sítio era chamado ainda à pouco tempo «O CEMITÉRIO DE FÁBRICAS DO VALE DE CHELAS», ali encontramos a «AMIDEX» a «TINTURARIA PORTUGÁLIA» já completamente moribunda, restando-lhe o seu perfil superior de azulejos mostrando o seu "logótipo", que ainda hoje está presente na memória de quem a via.
Chegámos ao «PÁTIO JOSÉ INGLÊS»ou do «INGLÊS», deste já nada resta. Casas de rés-do-chão e primeiro andar, varandas de ferro corrido, o seu chafariz que deitava para esta rua, a ligação que se fazia entre este pátio e a Estrada de Chelas, tudo acabou... eu nem queria acreditar!
Habitou neste pátio um tio meu que era conhecido pelo nome de «ZÉ DA VIOLA», por nessa época dos anos 40/50, ter tocado numa "banda". Foi funcionário durante toda a sua vida da empresa C.P. e ocupou durante muitos anos o cargo de «CHEFE DE ESTAÇÃO», nos ramais circundantes de Lisboa.
Nesta rua mesmo na sua convergência com a Estrada de Chelas, existiu no seu lado esquerdo a «FÁBRICA DE MALHAS DE INÁCIO MAGALHÃES BASTO & CIA» era conhecida pela «FÁBRICA DO MAGALHÃES» -onde alguns familiares meus trabalharam nos seus teares- cujas instalações foram recuperadas pelo município, que nelas instalou um departamento camarário.
No final da «RUA GUALDIM PAIS», podemos ver um «VIADUTO DO CAMINHO DE FERRO» e o «PALÁCIO DO LAVRADO»(1), actualmente está em bom estado de conservação (reabilitado pela CML) com o seu espaço adaptado a uma «ETAR».
Muito recentemente aquele nobre edifício oitocentista dos Viscondes «FONTE ARCADA», seus antigos proprietários, se encontrava em muito mau estado, quando lá existia o «PÁTIO DO LAVRADO».
Não existe qualquer dúvida de que com a abertura da «RUA GUALDIM PAIS», este lanço de sentido único, que representava a antiga «ESTRADA DE CHELAS», perdeu toda a importância de via fundamental.
Nesta nossa conclusão não queríamos deixar de acrescentar mais duas linhas dizendo que a Rua Gualdim Pais finaliza na Estrada de Chelas, antiga Estrada Pública, vulgo «AVENIDA DE CHELAS», ou mais remotamente via ou caminho para CHELAS. A «ESTRADA DE CHELAS» é antiquíssima, remontando a sua abertura à época em que, secado o esteiro, ao Convento de Chelas se impunha como factor determinante a fixação do elemento humano.
(1) - Apresenta na fachada duas pedras de armas dos antigos titulares. Com uma história por definir, já foi fábrica, pátio e hoje é propriedade da CML que ali instalou um serviço.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «ENXURRADAS NO VALE DE CHELAS»




14 comentários:

Bic Laranja disse...

Essa imagem de 89 do muro da Tinturaria com a cabina telefónica também me é muitíssimo familiar. Mas estava soterrada na memória debaixo dum camadão de sedimento.
A Estrada de Chelas no troço entre a Gualdim Paes e a A Cruz da pedra perdeu toda a importância, é verdade. Há muitas fotografias dela no Arquivo Fotográfico da C.M.L. para testemunhar o seriam os caminhos dos arrabaldes lisboetas ao tempo da 2ª revolução industrial. A estrada de Sacavém que partia de Arroios foi semelhante até se começar o aeroporto da Portela.
Cumpts.

APS disse...

Agradeço reconhecidamente o seu comentário.
A imagem de 1989 está relacionada com um comentário seu na Estrada de Chelas onde dizia: "O Pátio do José Inglês tinha desaparecido".
Efectivamente fui depois verificar. Não tive coragem para fotografar.
É verdade, agora quem desce a Av. Afonso III e quer virar à esquerda, para a antiga Estrada de Chelas, a poucos metros perde a sua continuidade.
A Av. Afonso III, também está a sofrer uma grande transformação. Quem viu aquilo e quem a vê agora.
Existia uma casa no início da Calçada das Lajes e a Av. Afonso III (já demolida), era propriedade do meu avô paterno, tratava-se de um posto de entrada em Lisboa. o Olisipógrafo Luís Pastor de Macedo tem um "tratado" sobre esta calçada.
Gostei muito dos artigos "Quinta da Imagem" e Monumento a D. Pedro IV". A propósito de D. Pedro IV, estou a reunir material para escrever sobre o Rossio e seu envolvente, durante várias épocas.
Agora vou fugir de Zona Oriental de Lisboa, vou até à Praça Luís de Camões.
Acho que o amigo pode e deve escrever sobre a Estrada de Sacavém a partir de Arroios, devem-lhe ser assuntos muito familiares. Para mim ARROIOS é só a minha Conservatória do Registo Cívil, e sítio do meu primeiro emprego (no final do segundo quartel do século passado).
Cumprimentos
APS

Unknown disse...

Quero deixar o meu maior agradecimento pelas informações acima passadas, visto ser trisneta do Inácio de Magalhães Basto e, após a morte da minha mãe, apenas me restarem fotos e quadros do mesmo, sem saber, de forma alguma, o sucedido à sua fábrica.
Bem haja!
Branca Plantier

APS disse...

Cara Branca Plantier

Muito me apraz saber que o meu blogue presta informações tão úteis. Não tem que agradecer, eu é que sou agradecido.

No interesse de saber mais sobre a situação da fábrica do seu trisavô, aconselho-a a ir à Câmara Municipal de Lisboa (Praça do Município), devidamente identificada. Lá de certo poderão informa-la.
Um Bem Haja, para si também.
APS

APS disse...

Cara Branca

Por mera curiosidade acabei por encontrar alguma história da Fábrica de Malhas de Inácio de Magalhães Bastos & Cia., no livro "CAMINHO DO ORIENTE - GUIA DO PATRIMÓNIO INDUSTRIAL de Diolinda Folgado e Jorge Custódio Páginas 60 a 63 - Livros Horizonte.
É bastante interessante, vai gostar.
Cumprimentos
APS
P.S. - O Departamento Instalado na antiga fábrica e o do Ambiente -(DMAGGRH-DAG)

jose Sequeira disse...

Mais uma informação.
A Estrada de Chelas ou Estrada de Achiles deveo seu nome a Aquiles gerreiro Grego da Odisseia de Omero. Segunda a história foi no convento de Chelas naquele tempo convento pagão onde estava Aquiles refugiado e disfarçado de freira Ulisses vem a Lisboa para o levar para a guerra de Troia, para o identificar este monta uma banca de venda de armas no ao pé do convento, quando apareceu uma freira a comprar uma espada, assim cai no disfarce de Aquiles.
Estrada de Chelas é onde estou pofissionalmente ligado junto á Afonso III.
Parte da minha familia é de lá meu pai nasceu no patio Jose Inglês á 74 anos uma tia avó trabalhou no Magalhães e era encarregada geral que faleceu á pouco tempo com 96 anos, tambem tive um tio avô que trabalhou na CP. Embora morando em Almada praticamente toda a minha vida é ligada á Estrada de Chelas.

APS disse...

Caro José Sequeira

Agradeço a sua informação.
Temos de acrescentar que se trata de uma lenda ou mito.
Assim nos meus livros tenho o seguinte passo: A razão porque «ACHILLES» ou «AQUILES», cuja morte foi vaticinada à sua mãe deusa «THETIS», viria ter a estas paragens, a milhares de léguas de distância, trocando o seu palácio de «LICOMEDES» pelo então templo das Vestais de CHELAS, é um enigma que ninguém poderá decifrar.
O resto do seu percurso por Xabregas está muito parecido com o meu, conforme indico no "post" que passo a consensualizar.
Um abraço
APS

Elvas Militar disse...

Trabalho no Antigo Convento de Chelas, onde actualamente estão as instalações do segundo maior arquivo do pais e foi com muito gosto que descobri este blogue (muito interessante) e consegui descobrir um pouco mais da história da zona onde trabalho.
Venho agradecer a informação prestada e incentiva-lo a continuar este trabalho deveramente cativante.
Obrigado Fernando Laureano

APS disse...

Caro Fernando Laureano
Agradeço as suas amáveis palavras sobre este blogue.
Como já deve ter verificado, este local de "Xabregas", "Beato", "Chelas"(antiga) e "Rua Gualdim Pais", são para mim muito familiares. Nasci nesta zona e tenho orgulho nas minhas raízes.
O amigo encontra-se num lugar com bastante história e Lendas. Tem como protagonista o envolvimento nas brumas das lendas, o "CONVENTO DE CHELAS", que é sem dúvida um dos lugares mais míticos de Lisboa.
Na "História Eclesiástica de Lisboa" de "D. Rodrigo da Cunha" diz-nos que é um templo de Vestais romanas num vale muito fértil, servido pelo então esteiro do rio.
Possivelmente por esse esteiro chegaram as Relíquias de São Félix, no período Visigótico.
Ainda não tive coragem de escrever a "Estrada de Chelas", nem sei se um dia o farei. Conheci aquela artéria, hoje descaracterizada,uma das vias mais antigas e conhecidas na zona Oriental de Lisboa.
Quanto ao lugar do seu trabalho, deve ser gratificante estar rodeado de elementos históricos.

Desejo-lhe muitas felicidades no seu emprego, tem todas as ferramentas para ser um bom investigador, quiçá um historiador.
Despeço-me com amizade.
Cumprimentos
APS (Agostinho Paiva Sobreira)

Raquel Silva disse...

Caro Agostinho Paiva Sobreira,

Quero desde já agradecer a informação prestada neste post que muito ajudou, numa fase inicial, na compreensão deste lugar no Vale de Chelas.

Sou estudante do último ano de Arquitetura, e gostaria de saber, tendo em conta o seu conhecimento desta área, se tem informações sobre a antiga Fábrica da Tinturaria Portugália (por exemplo, a sua origem, até quando funcionou, e outros).

Tem sido uma grande luta encontrar informações sobre estas instalações, nomeadamente no Arquivo Municipal de Lisboa e outros.

Grata pela sua atenção e uma excelente continuação do ótimo trabalho que tem feito neste blogue.
Cumprimentos,
Raquel Silva

APS disse...

Cara Raquel Silva

Agradeço as suas amáveis palavras sobre este Blogue.

Realmente muito pouco se sabe sobre a antiga "TINTURARIA PORTUGÁLIA". Podemos deduzir que será do início dos anos 30 do século passado, comparando com a abertura da "RUA GUALDIM PAIS", artéria criada conforme Edital de 19 de Junho de 1933 e que passou a constituir uma passagem natural para o "VALE DE CHELAS". Assim, a construção da "Tinturaria Portugália" será sensivelmente dessa época. No meu entender a desactivação da fábrica ter-se-à dado nos anos 60/70, do século passado. A fachada desta fábrica projecta-se para a RUA GUALDIM PAIS com o seu nome bem destacado na parte superior em painel de azulejos coloridos.

Procurei na NET, encontrei um [PDF] A HERANÇA INDUSTRIAL DE LISBOA: o rio e os novos desafios funcionais. (Tem alguma referencia à TINTURARIA, mas não muito) Gostava que desse uma olhadela trata-se de um mestrado e acho bastante interessante. (embora longo e demasiado abrangente).
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/search?q=Antigamente+%28113%29

Mando-lhe a imagem da fábrica quase no seu início.
Se necessitar para o seu trabalho a foto que tenho no Blogue pode usar, a outra é da AFML.
Lamento não ter mais informação sobre este assunto. Tenho já totalmente elaborado em nove episódios a ESTRADA DE CHELAS, a publicar só para início de Fevereiro, mas não me refiro à Tinturaria (passo na parte de trás) e venho a sair junto da Fábrica do Magalhães e da ETAR, no "Palácio do Lavrado".

Despeço-me com amizade,
Cumprimentos
APS-Agostinho Paiva Sobreira

Unknown disse...

Na realidade sou bisneto, neto e sobrinho dos originais donos da tituraria portugalia e a mesma entrou em desativação no 25 de abril, onde os funcionários fizeram uma expropriação da empresa, sendo que após a posse dos funcionários a fabrica não durou muito tempo.

o tejo vem à frente disse...

Boa tarde. Estou a desenvolver um trabalho de investigação sobre esta zona, nasci na Vila Dias e vivi lá até 1984. A minha mãe trabalhou no Magalhães e também na Copal, se não me engano, propriedade de Telhado Alves. Tenho como apelido Medley, e nesta pesquisa encontrei referências a uma empresa que aqui laborou: a Fábrica de Fiação e Tecidos de Lã de José Lourenço Medely e Filhos. O meu avô era filho ou neto de um inglês, nunca percebi bem, morou no Pátio Firmino. O antigo Pátio do Zé Inglês teria sido fundado pelo empresário? Será que existe alguma ligação entre estes factos? Agradeço por antecipação alguma ajuda.

Natália disse...

Do pateo eu me lembro bem, nasco la e me fiz mulherzinha, adorava ter fotos, alguem tem ?