quarta-feira, 24 de julho de 2013

RUA DO AÇÚCAR [ XXIII ]

 Rua do Açúcar - (1969) Autor da fotografia não identificado (Frontaria do Convento de Nª. Senhora da Conceição de Marvila", depois "Asilo de Velhos de Marvila" in AFML 
 Rua do Açúcar - (1969) Foto de autor não identificado (Capela do antigo "Mosteiro de Marvila" vista da parte Norte) in AFML 
Rua do Açúcar - (1998) Foto de António Sacchetti (Interior da Igreja do "Mosteiro de Marvila", iniciada pelo "Fr. Pedro de Santo Agostinho", do "Convento de São Francisco de Xabregas" e só ficou concluída no ano de 1680) in CAMINHO DO ORIENTE 
 Rua do Açúcar - (Colocado em 1911) Foto de António Sacchetti (Busto de mármore branco, assinado por "G. DUPRE-F.1852, FIRENZE, de "MANUEL PINTO DA FONSECA", benemérito fundador do "ASILO D. LUÍS I" no "Convento de Marvila") in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Açúcar - (1998) Foto de António Sacchetti (Um painel de azulejos revestindo uma parte do coro baixo, no interior da Igreja do Mosteiro de Marvila) in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Açúcar - (14 de Janeiro de 1961) (Programa das comemorações do 50º Aniversário do "ASILO DE VELHOS DE MARVILA", com a  realização de um espectáculo musical pela F.N.A.T., no salão de festas desta instituição) in ARQUIVO/APS

(CONTINUAÇÃO) RUA DO AÇÚCAR [ XXIII ]

«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE MARVILA ( 2 )»

O conjunto é de planta muito simples. Um quadrado em torno do claustro, reunia as dependências conventuais.  Desse quadrilátero saíam dois corpos laterais, formando  um  "U", que envolvia o pátio. O corpo lateral poente albergava a Igreja. O templo, como era habitual nos Conventos de freiras, destinava o seu eixo principal ao altar-mor e ao coro, dividido este em dois andares. Abria lateralmente a sua porta principal, dando sobre o pátio de entrada.
O traçado do edifício é de extrema modéstia, formando um simples rectângulo a que se adossava um outro mais pequeno, destinado à capela-mor. No corpo da Igreja abriam-se um número variável de capelas, pouco profundas, albergando cada uma o seu altar. No topo  sul, abria-se o duplo coro das freiras, separado da Igreja por fortes grades.
Sobre esta austera receita sobrepunha-se a exuberância decorativa. Talhas douradas nos altares, azulejos historiados até meia altura e, depois grandes telas entalhadas, que lembravam a devoção própria da casa religiosa. Por vezes surgiam, por doação mais farta, os mármores embrechados, com desenho miúdo.
Nesta Igreja temos exemplos de tudo. Existem mármores coloridos na Capela-mor, na parte concluída pela referida "D. ISABEL HENRIQUES". São completados pelos degraus, também em mármore, de um forte tom rosa, sem dúvida de belo efeito.
Os altares são de boa talha, desenhados com colunas torsas, enleadas de parras e anjos, que se prolongam em arquivolta, ao jeito de reminiscência dos antigos portais românicos.
Os azulejos, atribuídos por "JOSÉ MECO" ao monogramista "P.M.P.", são de boa qualidade, compondo um conjunto que se impõe pelo colorido forte e o excelente estado de  conservação. No coro baixo, os painéis de azulejos são de grande beleza, tendo sido atribuídos por "SANTOS SIMÕES" a "ANTÓNIO DE OLIVEIRA BERNARDES", o mais notável pintor de azulejos deste período.
A pintura é, talvez, neste conjunto tão harmónico, o detalhe mais importante. É da autoria de "BENTO COELHO DA SILVEIRA", um dos pintores mais interessantes dessa época pictoricamente tão fraca.
É composta, entre outros, por uma série sobre a vida de "SANTO AGOSTINHO".
Quanto à parte conventual, só o claustro mantém a sua forma primitiva. É simples e de boa dimensões, com arcaria sustentada em pilares sólidos, despidos de qualquer enfeite. Ao centro, um pequeno tanque com chafariz põe nota bucólica na agradável austeridade desta simples quadra.
O «MOSTEIRO DE MARVILA» foi suprimido por decreto de 11 de Abril de 1872. Depois da carta de lei de 10 de Abril de 1874, o Governo ofereceu as instalações para o "ASILO D. LUÍS I", fundado em 1861, com um legado testado pelo comendador "MANUEL PINTO DA FONSECA".
Depois da implantação da República, logo em 1911, o nome do ASILO, foi substituído por "ASILO MANUEL PINTO DA FONSECA". E, em 1928, vagando esta casa, por o ASILO se ter transferido para o "PORTO BRANDÃO", nela foi instalado o "ASILO DOS VELHOS DE CAMPOLIDE", com secção para cegos de ambos os sexos. O edifício tem capacidade para albergar cerca de 500 internos. Actualmente, no portão do corpo central do pátio de entrada, vê-se a legenda de «ASILO DE VELHOS DE MARVILA».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ XXIV ]A QUINTA E PALÁCIO DO MARQUÊS DE ABRANTES ( 1 )»

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