Rua do Grilo - (2005) Foto de APS (O antigo espaço do"Cine-Pátria" na "Rua do Grilo", 46, instalado na propriedade do "Palácio dos Duques de Lafões") in ARQUIVO/APS
Rua do Grilo - (1967) Foto de João H. Goulart (O Cinema "CINE-PÁTRIA" na "Rua do Grilo" números 44B a 46) in AFML
Rua do Grilo - (Anos 30 do século XX) (Planta da sala do cinema "CINE-PÁTRIA" no "BEATO", depois de algumas alterações, a sala passou a ter capacidade para 447 espectadores) in CINEMA AOS COPOS
Rua do Grilo - (anos 30 de séc. XX) Desenho de autor não identificado (Alçado do "Cine-Pátria" no início dos anos trinta) in JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO
Rua do Grilo - (2013) - (O local onde ficava o cinema "CINE-PÁTRIA", no seguimento do Banco Espírito Santo. Este sítio do cinema, também era conhecido pelo "Largo do Beato") in GOOGLE EARTH
(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ XV ]
«O CINEMA CINE-PÁTRIA»
No chamado "Bairro do Beato" na época densamente povoado, surge no edifício do antigo "PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES" na "RUA DO GRILO" número 46 que, para o mesmo espaço se chegou a projectar um edifício que devia integrar cinema e habitação, lugar onde se veio a instalar o "CINE-PÁTRIA" quase no inicio do século vinte. A este propósito diz-nos "NORBERTO DE ARAUJO" em (1937) que: "(...) a seguir vê-se a muralha sobre a qual assentavam os jardins, (do Palácio) e foi essa muralha escavada há cerca de trinta anos, e nela se construíram estabelecimentos que antecederam o "ANIMATÓGRAFO" popular".
Sendo a única sala de cinema existente na freguesia do "BEATO", foi fundado no ano de 1917 por "JOSÉ PERDIGÃO", um funcionário da "COMPANHIA CINEMATOGRÁFICA DE PORTUGAL".
No ano de 1928, é adquirido por "JOSÉ MANUEL GINJA" que o venderia três anos depois à firma "MENDONÇA & SOARES".
Nos anos subsequentes foram introduzidas significativas melhorias na sala e na fachada (que felizmente ainda hoje mantém a traça original), tendo nessa altura o cinema capacidade para acomodar quatrocentos e quarenta e sete espectadores.
Em finais da década de quarenta início de cinquenta, frequentei muito este cinema de "BAIRRO". Lembro-me que quando a lotação se esgotava (principalmente nas tardes de Domingo), os arrumadores colocavam uns bancos corridos na frente da primeira fila, para satisfazer mais uns quantos clientes. Em outras ocasiões o cinema encontrava-se esgotado, só restavam aquelas cadeiras que apanhavam as colunas da sala. Podemos confirmar na imagem da "Planta da Sala" as oito colunas perturbadoras.
A sala era composta de uma plateia, ligeiramente inclinada, acontece que motivado à pouca altura e à falta de adequada ventilação, durante os meses quentes de verão, com a casa lotada, os espectadores sofriam com o calor ali produzido. Também, devido a sala não ter altura adequada, a cabina de projecção situava-se abaixo do nível normal, pelo que, com a sessão já iniciada, os retardatários eram obrigados a curvar-se para evitar que a sua sombra fosse projectada no ecrã. Existiam ainda os distraídos que para desespero dos mais impacientes, reclamavam pela perturbação que causavam.
O sócio maioritário "BALDOMERO CHARNECA" da firma "MENDONÇA & SOUSA", em 1950 assumiu a gerência do "CINE-PÁTRIA", onde se manteve cerca de três décadas à frente dos desígnios do cinema.
No ano de 1968 o "CINE-PÁTRIA" acabaria por encerrar as suas portas, reabrindo de novo no início de 70. Já com as obras realizadas de recuperação e remodelação concluídas, o Cinema continuava encerrado.
Sabe-se que na década de setenta passava filmes "Indianos" e "Western" e que na última sessão eram projectados filmes pornográficos.
O cinema tem actualmente uma capacidade para 250 pessoas, divididas pela Plateia e Balcão, disposição que, como se sabe, é cada vez mais rara nas salas de cinema. A sala não logrou, porém, obter a rentabilidade esperada, e com o negócio cada vez menos rentável nos últimos anos, a fraca qualidade dos filmes exibidos e a decadência da sala, contribuíram para o afastamento do público do cinema do "BAIRRO".
Tendo exibido filmes até aos primeiros anos da década de oitenta, foi posteriormente aproveitado para outras actividades de culto religioso.
(CONTINUA)-(RUA DO GRILO [ XVI ] OS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DO BEATO E OLIVAIS»
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