quarta-feira, 26 de outubro de 2016

LARGO TRINDADE COELHO [ XIV ]

«O MUSEU DE SÃO ROQUE ( 2)»
 Largo Trindade Coelho - ( 2012 ) - (Pormenor da parte superior da fachada da "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA", o brasão no edifício do actual "MUSEU DE S. ROQUE") in  PANORAMIO
 Largo Trindade Coelho - (Depois de 2008) - (Um aspecto mais alargado da IGREJA DE S. ROQUE e da Capela de São João Baptista)  in     MUSEU DE SÃO ROQUE
 Largo Trindade Coelho - (Depois de 2008) - (Algum dos tesouros do MUSEU DE S. ROQUE, importante Museu de Arte decorativa de origem Italiana)   in  MUSEU DE SÃO ROQUE
Largo Trindade Coelho - (Início do século XX) Foto de Paulo Guedes  - ( O actual MUSEU DE S. ROQUE aquando de uma intervenção de obras, no princípio do século vinte) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 


(CONTINUAÇÃO)-LARGO TRINDADE COELHO [ XIV ]

«O MUSEU DE SÃO ROQUE ( 2 )»

A exposição permanente do MUSEU, alvo de recente remodelação, apresenta quatro núcleos distintos: "MISERICÓRDIA DE LISBOA", "ERMIDA E LENDAS DE S. ROQUE",  "CULTO E IMAGEM NA EXPANSÃO JESUÍTA" e a "CAPELA DE S. JOÃO BAPTISTA".
O Primeiro apresenta-nos reduzido número de pinturas e peças de ourivesaria, que documentam a história da "MISERICÓRDIA" desde a fundação até aos finais do século XVIII.  É de salientar a tábua de GARCIA FERNANDES, proveniente do antigo retábulo da "CAPELA-MOR DA CONCEIÇÃO VELHA", Sede (antiga) da MISERICÓRDIA  de 1534 a 1755.
Duas raríssimas bandeiras do período de "DOM JOÃO V" testemunham o acompanhamento dos condenados à morte pelos irmãos da SANTA CASA.
Os quatro quadros de "VIDAS DE SÃO ROQUE", de oficina desconhecida, pintados por volta de 1520, sobrevivente da antiga ERMIDA "Manuelina" constituem o segundo núcleo do MUSEU.  Caracterizam-se pela preocupação do autor em retratar os principais passos da vida do SANTO nos vários planos das tábuas.  Duas esculturas seiscentistas em madeira policromada, representando "SANTO INÁCIO DE LOYOLA" e "SÃO FRANCISCO XAVIER", reportam-nos à entrega da ERMIDA e sua reforma pela "COMPANHIA DE JESUS" a partir de 1553.
O terceiro núcleo, "CULTO E IMAGEM NA EXPANSÃO JESUÍTA", apresenta um conjunto de pinturas e peças de ourivesaria proveniente da "IGREJA DE SÃO ROQUE" e há muito guardadas nas reservas do MUSEU.
Logo no início da SALA, em cujo tecto estão representadas as armas da MISERICÓRDIA DE LISBOA, pintadas no reinado de "DONA MARIA I",  destacam-se os dois retratos de "DONA CATARINA" e "D. JOÃO III",  do pintor CRISTOVÃO LOPES, até ao século passado presentes na entrada da IGREJA.
As duas composições expostas no extremo da galaria: "CRISTO ENTRE OS SANTOS MÁRTIRES" e "A VIRGEM ENTRE SANTAS VIRGENS", de FERNÃO GOMES e DIOGO TEIXEIRA, ladeiam uma notável imagem em prata dourada de "NOSSA SENHORA E O MENINO" lavrada na BAVIERA no século XVI.
Este pequeno conjunto de peças, singular pela sua espectacularidade, testemunha as grandes festas celebradas em LISBOA por ocasião do recebimentos das relíquias que em 1588, "DOM JOÃO DE BORJA" embaixador de "D. FILIPE II", doou à IGREJA DE SÃO ROQUE.
No que respeita à ourivesaria é de destacar o precioso cofre em prata dourada e branca, executado em "AUGSBURGO" e oferecido à "COMPANHIA DE JESUS" por "DOM PEDRO II". Destinava-se a proteger o cutelo que degolou "SÃO JOÃO DE BRITO".  A "CAPELA DE S. JOÃO BAPTISTA" executada no final do reinado de "D. JOÃO V", foi sem dúvida, a mais célebre doação à CASA PROFESSA DE SÃO ROQUE. Bastante estudada, representa um dos mais documentados conjuntos da nossa história de arte e é um dos principais pólos de atracção do MUSEU.
Nele encontra-se expostas as principais alfaias e paramentos que, executados em ROMA, acompanharam a CAPELA DE S. JOÃO BAPTISTA na sua viagem para LISBOA.  São por mais célebres o par de "tocheiros" em prata e bronze executados na oficina de GUISEPPE GAGLIARDI e o frontão do altar terminado por "ANTÓNIO ARRIGHI", o fiel ourives romano de "DOM JOÃO V". A riqueza dos materiais e execução tornam esta capela, situada na nave da IGREJA, um verdadeiro estojo de exposição das ricas alfaias em dias de festa.
A própria maqueta da CAPELA, datável de 1742-44, igualmente exposta no MUSEU, é um raríssimo e valioso documento para estudo da arquitectura em PORTUGAL no reinado de "D. JOÃO V".

E rematamos com uma frase do Mestre NORBERTO DE ARAÚJO: "Tudo isto é uma nuvem de prata, onde passaram dedos de artistas: uma arte que acabou...". [FINAL].

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA -Liv. V  -  VEGA-1992 -LISBOA.
- FRANÇA, José-Augusto - A SÉTIMA COLINA-ROTEIRO HISTÓRICO E ARTÍSTICO- LISBOA 94/Livros Horizonte - 1994 - LISBOA.
- LISBOA DE ONTEM E DE HOJE - Rocha Martins - ENP - 1945 - LISBOA 
- LOPES, Fernão - CRÓNICA DE D. FERNANDO - Liv. Civilização - 1965 - PORTO 
- SCHUBERT, Jörg - LISBOA - Círculo de Leitores - 1982 - LISBOA
- SEQUEIRA, Gustavo de Matos - O CARMO E A TRINDADE- Vol. I -Ed. 2ª.-CML-1939 e Vol. II 1ª. Ed. CML-1939.
- SILVA, A. Vieira da - A CERCA FERNANDINA DE LISBOA- VOL. I - CML - 1987. 

(PRÓXIMO)«PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ I ] - O PÁTIO DE DOM FRADIQUE ( 1 )».

Sem comentários: