sábado, 5 de novembro de 2016

PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ III ]

«O PÁTIO DE DOM FRADIQUE VISTO POR NORBERTO DE ARAÚJO»
 Pátio de Dom Fradique - (2013) - Foto de José da Cruz - (O "PÁTIO DE CIMA" do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE, visto do interior da passagem para o "PÁTIO DE BAIXO")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA
 Pátio de Dom Fradique - (entre 1890 e 1945) Foto de José Artur Leitão Bárcia - (Castelo de S. Jorge, Muralha junto do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
 Pátio de Dom Fradique - (início do século XX) Foto de Eduardo Portugal - (O "PÁTIO DE DOM FRADIQUE", Muralha e a Torre da Cerca Moura) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in    AML 
 Pátio de Dom Fradique - (194-) Foto de Eduardo Portugal - ("CERCA MOURA" e TORRE entre o PÁTIO DE DOM FRADIQUE e a PORTA DO SOL)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in  AML 
 Pátio de Dom Fradique - (2013) Foto de José da Cruz - (Um pormenor do "Pátio de Dom Fradique" no sítio das antigas hortas, no Pátio de baixo) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA 
Pátio de Dom Fradique - ( Século XXI) - Foto de autor não identificado (A "TRAVESSA DO FUNIL" com a indicação do caminho para o "CASTELO DE S. JORGE", perto do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE)   in   PINTEREST


(CONTINUAÇÃO)- PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ III ]

«O PÁTIO DE D. FRADIQUE VISTO POR NORBERTO DE ARAÚJO»

O olisipógrafo "NORBERTO DE ARAÚJO", grande apaixonado de LISBOA, um "ALFACINHA" de razão e coração. Recordamos aqui o que ele escreveu em 1943 no seu livro "LENDAS DE LISBOA", sobre o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE".

O PÁTIO DE DOM FRADIQUE

"Um recanto aberto, impregnado de melancolia, é este do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE". Nado e criado à sombra do CASTELO, passagem do "CHÃO DA FEIRA" para o "MENINO DEUS", este "PÁTIO" tem qualquer coisa de original na LISBOA do pitoresco urbano. De seu título ele evoca um "DOM FRADIQUE MANUEL", que teve aqui casa, e da qual advém o "PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE", senhores do sítio, cujo pórtico brasonado de "FIGUEIREDOS" e  "CABRAIS", se abre numa lateral do primeiro compartimento. O pórtico é nobre; o pátio é plebeu. De propriedade particular, mas de serventia pública, com duas entradas de portal, e o estrangulamento do seu corredor de ligação - este recanto possui um mistério aparente. Não ostenta a bizarria cenográfica do "PÁTIO DO CARRASCO", nem a soturnidade doentia de tantos pátios de miséria alfacinha. E é simpático: evola-se dele um vago perfume de alfazema arrecadada nas cómodas familiares.
Fez parte da Muralha primitiva de LISBOA, em lanços que ele encobre, e num dos quais rasgaram uma porta da CERCA, que desapareceu. O passadiço - nota de ternura religiosa no intimismo  palaciano  -  tem na verga, interiormente, um oratório que ocupa a serventia de lado a lado: "NOSSO SENHOR DO LIVRAMENTO"! Lobrigava-se, desde fora, há trinta anos; era um desejo sacro de uma ermida que no "PÁTIO" existiu.
Uma lápide, que recorda um voto às ALMAS, uma balaustrada fina, murete de terraço do palácio, outro brasão, um arco pobre que conduz, em congosta , aos anteparos dos muros da velha cidadela, uma árvore isolada, quatro casitas modestas - eis o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE".
Qualquer esquiço de poesia rústica existe no segundo eirado, que abre para a "RUA DOS CEGOS". 
No conjunto, pequeno, com seus dois planos, uma esquadra de polícia - que aqui não tem que fazer, e mora em "DOM FRADIQUE" apenas para dispor de vasos de flores e entreter um cenário -, vizinho dos "LÓIOS", de "SÃO TIAGO", do CASTELO, não longe de ALFAMA, este sugestivo "PÁTIO" é uma das muitas conformações urbanísticas da cidade.
Uma "AVÉ-MARIA" sumida, que não passa do «BENDITA SOIS VÓS"...».

Mantivemos o uso de vernáculos utilizados em alguns sinónimos, que caracterizam - a forma de se escrever - numa determinada época.  


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ IV ]O PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 1 )»

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