segunda-feira, 31 de março de 2008

PRAÇA DE SÃO PAULO [ IV ]

Praça de São Paulo - (2008) Foto de APS (Fachada dos "Banhos de São Paulo" na Travessa do Carvalho, 21)
Praça de São Paulo - (2008) Foto de APS (Pormenor da fachada dos "Banhos de São Paulo")

Praça de São Paulo - (2008) Foto de APS (Edifício dos "Banhos de São Paulo" na Travessa do Carvalho hoje Sede da Ordem dos Arquitectos)
Praça de São Paulo - (s.d.) (Titulo de Acção da Companhia das Águas Medicinais do Arsenal de Lisboa, em fundo o edifício dos Banhos de São Paulo-1907) in blogdaruanove.blogs.sapo

Praça de São Paulo - (195--) Foto Augusto de Jesus Fernandes (Sindicato Nac.dos Odontologistas Portugueses) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa


(CONTINUAÇÃO)
«BANHOS DE SÃO PAULO»
Os "BANHOS DE SÃO PAULO", situados na Travessa do Carvalho no número 21, é um amplo e bem concebido edifício, em estilo tardo-neoclássico. Apesar das suas linhas singelas, é uma construção elegante, de vasta fachada, centrada por um corpo saliente, rematado por um frontão triangular, percorrida por duas fiadas sobrepostas de treze janelas, três das quais, transformadas em portas, no andar inferior; correspondendo a estas, no andar superior, janelas de maiores dimensões.
Interiormente, dispõe-se em três andares e obedece a uma planta que se desenvolve à volta de um pátio central, rigorosamente adaptado às funções a que se destinava.
Cada camarim beneficia de entrada independente, com acesso através de galerias, sustentadas por colunas de ferro. Dispunha de cinquenta e nove tinas e estava equipado com a aparelhagem mais moderna para o tempo, sendo considerado um dos melhores da Europa.


Foi mandado construir pela Misericórdia de Lisboa, que iniciou a sua edificação em Março de 1854, sob projecto de J.P. Pézerat (1800-1872), engenheiro e arquitecto de origem francesa, radicado em Lisboa desde 1838, contratado pela Câmara Municipal de Lisboa, para o aproveitamento da fonte cloretada e sulfúrica (que a Companhia das Águas Medicinais do Arsenal de Lisboa viria a explorar), descobertas em 1829, à direita da entrada da Avenida da Ribeira das Naus. Estas águas foram classificadas pelo Instituto de Hidrologia de Lisboa, pertencendo ao mesmo grupo de águas das Caldas da Rainha e do Mouchão da Póvoa.


Durante mais de um século este balneário serviu a população da cidade que ali acorria em grande número, acabando por ser encerrado ao público em 1975, por determinação da Direcção-Geral de Minas que, em ofício datado de 11 de Março daquele ano, dirigido à Companhia das Águas Medicinais do Arsenal de Lisboa empresa concessionária das águas, impôs esta medida por motivo de poluição total da nascente abastecedora.
Para salvaguardar os seus postos de trabalho, os trabalhadores da empresa tentaram, na altura, a sua reconversão que, não tendo sido atendida pelo Estado, levou a Companhia liquidatária a colocar o imóvel à venda (DN, 20.09.1978).
Esta situação alarmou os sectores mais conscientes da opinião pública que, temendo a sua demolição, iniciaram uma campanha nos jornais tendente à sua salvaguarda, com destaque para os artigos do Dr. José Augusto França. Em resultado desta campanha, o imóvel foi classificado, ainda em 1978, tendo o Município iniciado, pela mesma altura, negociações com vista à sua aquisição. Esta porém, só veio a processar-se por escritura assinada em 28.08.1980.


Ao iniciar as negociações para a aquisição do imóvel aquela vereação pensava adaptá-lo a «Museu da Revolução de 5 de Outubro», por ter estado este edifício de algum a forma ligado àquele acontecimento, onde os chefes da revolução instalaram o seu quartel-general, depois de decidirem fazer sair a revolução, tomada em reunião que decorreu num terceiro andar na Rua da Esperança.


O edifício em questão constitui, no seu conjunto, tanto exterior como interior, um todo a preservar como um exemplar de arquitectura funcional bem representativo e muito cuidado. Pareceria uma boa oportunidade da Câmara Municipal de Lisboa, limitando-se a operar a reconversão do estabelecimento termal em balneário público, dotar a cidade e, especialmente, a freguesia de São Paulo, de um equipamento de que, certamente, estará carecida, podendo também adaptar algumas instalações que serviam de sala de atendimento e gabinete médico a sala de convívio e biblioteca. Depois, porém, de as vereações que se seguiram terem sugerido, para o edifício, as mais variadas utilizações.
Entre 1991 e 1994 foi submetido a um projecto de recuperação, restauro e reconstrução, da autoria dos Arquitectos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira.
Actualmente no edifício está instalada a Sede da Ordem dos Arquitectos.

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