Rua do Açúcar - (2013) Foto gentilmente cedida por Ricardo Moreira (O "Palácio da Mitra" no seu lado Sul e entrada pelo "Beco da Mitra") in ARQUIVO/APS
Rua do Açúcar - (ant. a 1998) Foto de António Sacchetti (Vista exterior do "Palácio da Mitra" ainda com os carris dos eléctricos na "Rua do Açúcar") in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Açúcar - (ant. a 1998) Foto de António Sacchetti (O Portão de acesso ao pátio do "Palácio da Mitra" na "Rua do Açúcar") in CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Açúcar - (Século XVIII) (Lance de escada do "Palácio da Mitra", os azulejos revestem a parede envolvente até à base das janelas, apresentando paisagens transparentes e distantes, nesta se vê um palácio em construção. É sobre esta paisagem que se encontra representada a balaustrada que envolve a escadaria, formada por balaustres torneados, com cinta central, ladeados em cada troço por pilastras arquitectónicas, terminadas por pequenas urnas. As pilastras dos patamares estão decoradas por uma cabeça feminina, envolvida por palmetas e volutas, enquanto as dos lances de escadas apresentam uma grinalda florida, pendente de concheados e volutas.[J.M.] in LISBOA REVISTA MUNICIPAL
Rua do Açúcar - (ant. a 1943) Estúdios Mário Novais (Fachada Nascente do "Palácio da Mitra". Este longo corpo exterior e pórtico evidenciam um tratamento de fachada muito típico no séc. XVII. Nesta foto podemos ver que o alargamento da Rua ainda não se tinha efectuado) in AFML
Rua do Açúcar - (1864) (O "Palácio da Mitra" segundo uma litografia publicada in Archivo Pittoresco, T. VII, 1864. Nota-se ainda os dois obeliscos que ladeavam o cais primitivo, uma das primeiras manifestações em Lisboa deste gosto decorativo romano) in CAMINHO DO ORIENTE
(CONTINUAÇÃO) - RUA DO AÇÚCAR [ VI ]
«O PALÁCIO DA MITRA ( 1 )»
A palavra "MITRA" ainda tem, em Lisboa, sentido diferente daquilo que aparece nos dicionários. Enquanto para o comum dos mortais a palavra está relacionada apenas com a dignidade episcopal, insígnia de Bispo, nesta cidade estende-se-lhe o significado, relacionando-a com extrema pobreza e gente sem tecto.
A "culpa" vem do facto de, em 1933, se ter criado, em terrenos que tinham sido da «MITRA DE LISBOA», um asilo para o qual foram levados velhinhos de ambos os sexos, sem posses entregues às agruras da vida, vivendo da caridade alheia. Depois, para o mesmo albergue passaram a ser encaminhados quantos fossem apanhados a vagabundar pela cidade de Lisboa, sem darem mostras de ter eira nem beira, no fundo aqueles a quem chamamos hoje de "sem abrigo".
Conduzidos para lá pela polícia muitos chegavam em deploráveis condições, o que terá levado a que a expressão «ir para a Mitra», fosse encarada com um misto de dó e de repulsa, era pois o ponto mais baixo da decadência.
Mas. obviamente, "MITRA" não foi só isso - nem essencialmente isso. Na verdade existe um palácio digno com esse nome, circunstância derivada, obviamente, do facto de ter pertencido aos Bispos, Arcebispos e depois Patriarcas de LISBOA.
Fica no número sessenta e quatro da "RUA DO AÇÚCAR" na freguesia de «MARVILA», e, agora que a parte Oriental da Cidade está na moda, não terá passado despercebida a sua beleza discreta, contrastando com as casas circundantes, certamente bem diferentes em formosura e estado de conservação.
Pertence hoje o Palácio à Câmara Municipal de Lisboa, e num dos pisos, lá teve a sua sede, por cedência da edilidade, o já histórico «GRUPO AMIGOS DE LISBOA».
Mas até chegar a este ponto, longas voltas deu a "MITRA".
Tudo terá começado com «D. AFONSO HENRIQUES», que decidiu em 1149, ou seja, logo dois anos depois da reconquista cristã da cidade, doar ao então bispado, uma enorme extensão de terreno a Oriente.
Os Bispos de LISBOA fizeram ali o seu local de repouso. O Palácio propriamente dito apareceu já no século XVII, através de restauros de casas antigas e novas construções, quando o pastor desta diocese já tinha a dignidade de Arcebispo e o titular era «D. LUÍS DE SOUSA»(1675-1702).
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ XVII ]-O PALÁCIO DA MITRA (2)»
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