Largo do Carmo - (1960) Foto de Arnaldo Madureira ("Palácio Valadares" no "Largo do Carmo" antiga "Escola Veiga Beirão") in AFML
Largo do Carmo - (Anos 30 do século XX) Foto de Autor não identificado (A Escola Maria Amália Vaz de Carvalho" passou também por este palácio nos anos trinta do século passado) in ESCOLA SECUNDÁRIA MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO
Largo do Carmo - (2001) Foto de Teresa Vale (O "Palácio Valadares" no "Sítio da Pedreira", um pouco mais para Norte, podemos ver parte da Igreja do Carmo) in SIPA
Largo do Carmo - (2013) -(O "Palácio Valadares" antigo "Palácio dos Pessanhas" com a junta de freguesia do Sacramento, já na "Calçada do Sacramento") in NCREP
Largo do Carmo - (2013) - ( O "Palácio Valadares" antigo espaço do "Club Lisbonense" ou "Club do Carmo" em 1835 visto do "LARGO DO CARMO") in GOOGLE EARTH
(CONTINUAÇÃO)- LARGO DO CARMO [ VIII ]
«O PALÁCIO VALADARES ( 1 )»
Ao que consta, foi o primeiro rei de português dado a coisas de cultura, "D. DINIS" de seu nome, quem primeiro deitou os olhos para aquele seu património. E não o fez por questões de pouca monta: uma lápide existente na antigo ESCOLA VEIGA BEIRÃO recorda a data memorável para LISBOA e para o País: "No sítio deste Palácio existiu a primeira casa da UNIVERSIDADE DE LISBOA criada pelo rei D. DINIS, por carta de 1 de Março de 1290, com o nome de ESTUDO GERAL(...)".
(Abra-se aqui um parêntesis breve, apenas para recordar, quanto são distraídos estes bons patrícios alfacinhas, quando em 1990 passou o centenário da criação da UNIVERSIDADE, os nossos irmãos de COIMBRA - com os quais temos inegáveis boas relações - assenhorearam-se em exclusivo da efeméride. Existiu cerimonial e a pompa devida para assinalar a data como se tudo tivesse nascido logo na cidade do MONDEGO e não tivessem sido as insónias do nosso excelso e piedoso D. JOÃO III, com a reforma da UNIVERSIDADE em 1537, a deslocou para COIMBRA. Nem uma palavra oficial apareceu a recordar que o ESTUDO GERAL fazia 700 anos de facto, mas com os anos decorridos sobre a sua fundação em LISBOA).
Certo é que não foi longa a permanência dos estudantes Universitários no sítio da PEDREIRA, e no local que viria a ser o CARMO (1 ).
O mesmo D. DINIS começou por ceder aquelas suas casas, uma vez desocupadas em 1302, a uma família JUDIA de apelido NAVARRO, notáveis pelos seus dotes em leis.
Tal circunstância motivou NORBERTO DE ARAÚJO, que se supusesse ter ali existido um bairro de Judeus.
O mesmo Rei "LAVRADOR" quis depois reformar a MARINHA PORTUGUESA, mandou vir de GÉNOVA o navegador MANUEL PESSAGNO (que aportuguesado passou a ser chamado de PESSANHA). À posse deste marinheiro foram parar as casas e as terras que iam do CONVENTO DA TRINDADE até ao CHIADO de hoje, abrangendo portanto o que foi a ESCOLA VEIGA BEIRÃO, duradouramente conhecido por PALÁCIO VALADARES.
Quer isto dizer que toda aquela parcela da cidade que vem desde a MISERICÓRDIA, até à RUA GARRETT dos nossos dias só tinha, em finais do século XIV, dois proprietários: os FRADES DO CONVENTO DA TRINDADE e a família PESSANHA.
Mas voltemos ao Palácio dos PESSANHAS que passou a posse do edifício aos seus descendentes, pelo que, a dada altura, eram proprietários os CONDES DE VIANA.
Em meados do século XVII, quem punha e dispunha no local, ainda por razões de descendência, eram já os MENESES, Marqueses de VILA REAL. O pior é que esta família foi conotada com uma conspiração contra D. JOÃO IV.
Assim, D. LUÍS DE NORONHA E MENESES(1589-1641) foi o 9º CONDE DE VILA REAL e 6º MARQUÊS DE ALCOUTIM e 7º CONDE DE VALENÇA, filho secundogénito dos 1ªs. DUQUES e irmão do anterior. Foi 9º Capitão-General de Ceuta, senhor de todas as vilas e vínculos da sua casa, Alcaide-mor, de LEIRIA, membro do Conselho de Estado de D. FILIPE III e de D.JOÃO IV. Com o título de MARQUÊS, herdou também o lugar de Conselheiro de Estado, em que o confirmou D.JOÃO IV, quando subiu ao trono em 1640.
Não se julgou o MARQUÊS suficientemente contemplado e andava descontente com o Governo que saíra da RESTAURAÇÃO e com a aclamação de D.JOÃO IV. O Arcebispo de BRAGA D. SEBASTIÃO MATOS DE NORONHA, também filiado no grupo dos descontentes, aliciou-o para uma conspiração contra D.JOÃO IV, que, se tivesse êxito, lhe obteria o valimento e fartas honras junto do Rei de Espanha.
O MARQUÊS tentou aliciar o 2º Duque de CAMINHA, seu filho, que não acedeu a tomar parte na conspiração, mas guardou segredo dela, o que foi motivo para ser igualmente incriminado.
A conspiração foi descoberta e o MARQUÊS foi preso a 28 de Junho de 1641 nas escadas do PAÇO DA RIBEIRA.
Condenado à morte com outros conjurados - entre os quais seu filho - foi executado no ROSSIO, e todos os seus bens foram confiscados para a COROA. Esta, porém, não se mostrou avara e doou o conjunto a um fidalgo de nome D. ÁLVARO ABRANTES DA CÂMARA.
( 1 ) - Diz-nos GUSTAVO DE MATOS SEQUEIRA em "O CARMO E A TRINDADE" Volume I- 2ª Ed. 1939, referente ao ESTUDO GERAL o seguinte: " O que é certo - sem hipóteses - é que em 1302 o ESTUDO GERAL já não estava na PEDREIRA".
(Abra-se aqui um parêntesis breve, apenas para recordar, quanto são distraídos estes bons patrícios alfacinhas, quando em 1990 passou o centenário da criação da UNIVERSIDADE, os nossos irmãos de COIMBRA - com os quais temos inegáveis boas relações - assenhorearam-se em exclusivo da efeméride. Existiu cerimonial e a pompa devida para assinalar a data como se tudo tivesse nascido logo na cidade do MONDEGO e não tivessem sido as insónias do nosso excelso e piedoso D. JOÃO III, com a reforma da UNIVERSIDADE em 1537, a deslocou para COIMBRA. Nem uma palavra oficial apareceu a recordar que o ESTUDO GERAL fazia 700 anos de facto, mas com os anos decorridos sobre a sua fundação em LISBOA).
Certo é que não foi longa a permanência dos estudantes Universitários no sítio da PEDREIRA, e no local que viria a ser o CARMO (1 ).
O mesmo D. DINIS começou por ceder aquelas suas casas, uma vez desocupadas em 1302, a uma família JUDIA de apelido NAVARRO, notáveis pelos seus dotes em leis.
Tal circunstância motivou NORBERTO DE ARAÚJO, que se supusesse ter ali existido um bairro de Judeus.
O mesmo Rei "LAVRADOR" quis depois reformar a MARINHA PORTUGUESA, mandou vir de GÉNOVA o navegador MANUEL PESSAGNO (que aportuguesado passou a ser chamado de PESSANHA). À posse deste marinheiro foram parar as casas e as terras que iam do CONVENTO DA TRINDADE até ao CHIADO de hoje, abrangendo portanto o que foi a ESCOLA VEIGA BEIRÃO, duradouramente conhecido por PALÁCIO VALADARES.
Quer isto dizer que toda aquela parcela da cidade que vem desde a MISERICÓRDIA, até à RUA GARRETT dos nossos dias só tinha, em finais do século XIV, dois proprietários: os FRADES DO CONVENTO DA TRINDADE e a família PESSANHA.
Mas voltemos ao Palácio dos PESSANHAS que passou a posse do edifício aos seus descendentes, pelo que, a dada altura, eram proprietários os CONDES DE VIANA.
Em meados do século XVII, quem punha e dispunha no local, ainda por razões de descendência, eram já os MENESES, Marqueses de VILA REAL. O pior é que esta família foi conotada com uma conspiração contra D. JOÃO IV.
Assim, D. LUÍS DE NORONHA E MENESES(1589-1641) foi o 9º CONDE DE VILA REAL e 6º MARQUÊS DE ALCOUTIM e 7º CONDE DE VALENÇA, filho secundogénito dos 1ªs. DUQUES e irmão do anterior. Foi 9º Capitão-General de Ceuta, senhor de todas as vilas e vínculos da sua casa, Alcaide-mor, de LEIRIA, membro do Conselho de Estado de D. FILIPE III e de D.JOÃO IV. Com o título de MARQUÊS, herdou também o lugar de Conselheiro de Estado, em que o confirmou D.JOÃO IV, quando subiu ao trono em 1640.
Não se julgou o MARQUÊS suficientemente contemplado e andava descontente com o Governo que saíra da RESTAURAÇÃO e com a aclamação de D.JOÃO IV. O Arcebispo de BRAGA D. SEBASTIÃO MATOS DE NORONHA, também filiado no grupo dos descontentes, aliciou-o para uma conspiração contra D.JOÃO IV, que, se tivesse êxito, lhe obteria o valimento e fartas honras junto do Rei de Espanha.
O MARQUÊS tentou aliciar o 2º Duque de CAMINHA, seu filho, que não acedeu a tomar parte na conspiração, mas guardou segredo dela, o que foi motivo para ser igualmente incriminado.
A conspiração foi descoberta e o MARQUÊS foi preso a 28 de Junho de 1641 nas escadas do PAÇO DA RIBEIRA.
Condenado à morte com outros conjurados - entre os quais seu filho - foi executado no ROSSIO, e todos os seus bens foram confiscados para a COROA. Esta, porém, não se mostrou avara e doou o conjunto a um fidalgo de nome D. ÁLVARO ABRANTES DA CÂMARA.
( 1 ) - Diz-nos GUSTAVO DE MATOS SEQUEIRA em "O CARMO E A TRINDADE" Volume I- 2ª Ed. 1939, referente ao ESTUDO GERAL o seguinte: " O que é certo - sem hipóteses - é que em 1302 o ESTUDO GERAL já não estava na PEDREIRA".
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ IX ] O PALÁCIO VALADARES ( 2 )»
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